PARTE 1 - DISPERTANDO PARA O DESAFIO EM QUERITE
1 Reis 17.1-7 – “Um profeta chamado Elias, de Tisbé, na região de Gileade, disse ao rei Acabe: - ‘Em nome do Senhor, o Deus vivo de Israel, de quem sou servo, digo ao senhor que não vai cair orvalho nem chuva durante os próximos anos, até que eu diga para cair orvalho e chuva de novo’. Então o Senhor Deus disse a Elias: - Saia daqui, vá para o leste e esconda-se perto do riacho de Querite, a leste do rio Jordão. Você terá água do riacho para beber; e eu mandei que os corvos levem comida para você ali. Elias obedeceu à ordem do Senhor e foi e ficou morando perto do riacho de Querite. Ele bebia água do riacho, e os corvos vinham trazer pão e carne todas as manhãs e todas as tardes. Mas algum tempo depois o riacho secou por falta de chuva.”
Introdução
Elias, o tesbita, entra em cena de repente e some tão rapidamente quanto apareceu, só para voltar a ser visto três anos depois no desafio aos sacerdotes de Baal.
Sem títulos. Sem formação requintada. Sem pretígio social. O profeta Elias era rude e oriundo de uma cidadezinha perdida no mapa do Oriente. Um anônimo em meio a uma sociedade orgulhosa, opressora e idólatra, Elias poderia ter encarnado a fórmula da obscuridade.
Elias será uma biografia aplicativa em nossas vidas.
Entendendo um pouco do contexto histórico antes da chegada de Elias.
Os israelitas viveram suas primeiras monarquias com Saul, Davi e Salomão. Todos passaram por pecados e fracassos em seus reinados. No final da vida de Salomão, uma guerra civil teve início a uma divisão. Israel ficou dividido em dois reinos: Reino do Norte (chamado de Israel) e reino do sul (chamado de Judá). Israel ficou com 10 tribos e o reino de Judá ficou com 2 tribos. A Divisão de reinos que culminou em cativeiros.
Do início da divisão até o cativeiro de Israel, um período de aproximadamente 200 anos, o reino do norte teve 19 monarcas, em sucessão, fazendo “o que era mau perante o Senhor”. Este ambiente maléfico prevaleceu em Israel até a invasão dos assírios, em 722 a.C.
O reino do sul, por outro lado, esteve sob a liderança de 17 governantes durante um período de 300 anos. Oito desses reis fizeram “o que era reto perante o Senhor”, mas nove deles foram ímpios que não serviram a Deus nem andaram com ele. O reino do sul – Judá – terminou com a destruição de Jerusalém em 586 a. C. e o subseqüente babilônico de 70 anos.
Elias está no contexto do reino do norte, vejamos a história:
Jeroboão – primeiro rei do norte, reinou por 22 anos. Ele plantou a sementes da idolatria entre o povo de Israel (1 Reis 13.33).
Nadabe, filho de Jeroboão, reinou por 2 anos. Fez o que era mal perante o Senhor (1 Reis 15.26). Nadabe foi assassinado pelo seu sucessor Baasa.
Baasa – matou toda a descendência de Nadabe. Governou Israel por 24 anos (1 Reis 15.29-30; 1 Reis 16.7-8).
Elá – filho de Baasa reinou em Tirza sobre Israel por dois anos.
Zinri – servo de Elá, conspirou contra Elá e assassinou assumindo então o reinado. Exterminou toda a descendência de Elá.
Onzi – reinou 12 anos em Israel. Fez o que era mau perante o Senhor fez pior do que todos quantos foram antes dele. Onzi dói sepultado e Acabe, seu filho, reinou em seu lugar. A Bíblia diz que ele fez pior que todos antes dele. Aí chega seu filho, ACABE!
Derramamento de sangue e assassinatos, conspirações e maldades, intriga e imoralidade, traição e engano, ódio e idolatria; tudo isso prevaleceu por seis escuras e ininterruptas décadas em Israel. Este reino do mal se iniciava no coração daquele que estava no trono e se derramava sobre todas as pessoas daquela terra. Para completar, eles entregaram o trono a Acabe, o qual se casou com Jezabel (1 Reis 16.31).
Jezabel introduziu o culto ao deus Baal. Baal era adorado como o Deus da chuva e da fertilidade, aquele que controlava as estações do ano, as colheitas e a terra. Quando a adoração a Baal entrou no reino de Israel, trazendo suas práticas pagãs e os sacrifícios bárbaros, a impiedade da terra só cresceu.
Penetrando com toda força nesta era de impiedade e mal, vemos Elias, o profeta de Deus, mandado dos céus. Uma análise rápida de sua apresentação revela três fatores relevantes: seu nome, sua origem e seu estilo.
Seu Nome
A primeira coisa que exige nossa atenção é o nome de Elias. A palavra hebraica par “Deus” no Antigo Testamento é Elohim, usada em alguns momentos na forma abreviada de El. A palavra Jah é o termo usado para “Jeová”. Assim, no nome de Elias (Elijah) encontramos as palavras usadas para “Deus” e “Jeová”. Entre elas existe um pequeno “i” que, em hebraico, é uma referência ao pronome pessoal “meu”. Colocando as palavras juntas, descobrimos que o significado do nome Elias é “Meu Deus é Jeová” ou “o Senhor é o Meu Deus”.
Acabe e Jezabel estavam no controle da terra e o deus que eles adoravam era Baal. Mas, quando Elias entra em cena, seu próprio nome já fazia sua apresentação: “Eu tenho um Deus. Seu nome é Jeová. Ele é o único a quem sirvo e diante de quem me prostro”.
Sua terra
Elias era de Tisbé e, por isso, é chamado de “Elias, o tesbita”. Lembre-se de que sabemos muito pouco sobre Tisbé, sendo que até sua localização não é exata. No entanto, o texto indica claramente que ela ficava em Gileade, no norte da Transjordânia, isto é, do lado leste do rio Jordão.
Gileade era um lugar solitário e de vida ao ar livre, onde seus habitantes eram provavelmente rudes, queimados do sol, musculosos e fortes. Era uma terra árida, e muitos acham que a aparência de Elias tinha muita relação com sua terra. Seus hábitos beiravam o grosseiro e o áspero, o violento e o severo.
Era necessária a presença de um homem assim naquele momento da história de Israel. Um homem austero e solitário da rude vila de Tisbé.
Seu estilo
De uma hora para outra, ele está diante do rei. Sem um momento de hesitação, aparentemente sem medo ou relutância, Elias se coloca diante do rei Acabe e vai direto ao ponto.
Elias é um homem cumprindo uma missão, declarando-se como servo do “Senhor, Deus de Israel”, enquanto à sua volta só existem evidências gritantes da adoração a Baal. Sem preparar sua audiência para o discurso, ele faz um pronunciamento agourento: “Não haverá chuva – nem mesmo orvalho – por anos, a não ser que eu diga”. Baal era o deus da chuva, da fertilidade. Era um grande confronto Elias dizer isso.
APLICANDO EM NOSSAS VIDAS
1. Um homem que ficou na brecha (1 Rs 17.1)
Deus busca pessoas especiais em tempos difíceis. Um homem que se colocaria na brecha não poderia ser alguém delicado e manso: ele tinha que ser durão. Alguém que pudesse enfrentar um idólatra e dizer: “Deus é Deus”.
Deus não levantou um exército para destruir Acabe e Jezabel. Ele mandou somente e tão somente Elias. Deus quer levantar VOCÊ!
Que papel Deus lhe deu? Seja qual for ele está dizendo: “Você está se colocando diante de mim e eu quero usar você. Quero usá-lo como meu único porta-voz em seus dias e em sua geração, neste momento e nesta época”.
2. Deus prepara um lugar - Centro de treinamento “Querite” (1 Rs 17.2-5)
Deus enviou imediatamente para um lugar de isolamento, escondido de todo o mundo, onde ele não apenas seria protegido de perigos físicos, mas seria mais bem preparado para uma missão ainda maior.
“Querite” significa “cortar, colocar no tamanho certo”. A palavra é usada no Antigo Testamento nos dois sentidos: ser cortado (separado) dos outros e também no sentido de aparelhar uma peça de madeira para construção, deixando-a no tamanho correto a ser usado.
Elias era um porta voz, mas ainda não era verdadeiramente um homem de Deus.
No começo do capítulo ele é apenas o Elias de Tisbé, cidadezinha em algum lugar de Gileade. No final do capítulo (v. 24), ele surge como um Homem de Deus.
3. Quando o riacho seca!
Elias notou que o riacho não estava espirrando água sobre as rochas nem borbulhando como costumava fazer nos dias anteriores. Foi diminuindo até que acabou. Não demorou muito até que aparecessem rachaduras no leito ressecado do riacho. O riacho secou!
Sua vida financeira estava instável, tudo bem organizado e controlado, sempre sobrando! Mas um dia... O riacho secou!
Você estava tão bem de saúde, forte cheia de vida fazendo a obra de Deus. Veio a enfermidade, lhe deixou com debilidades... o riacho secou!
Sua empresa estava indo tão bem – as coisas mudam e... o riacho secou!
Seu casamento que era uma benção – agora convive em um desacordo... o riacho secou!
Toda mudança gera uma dor. Tem que ter um sacrifício. Conseqüência de nossa ação. Mesmo que seja uma ação de Deus. Orientada e ordenada por Ele. Mas o riacho secou porque Elias orou.
Um riacho seco normalmente é sinal do prazer de Deus em relação a nossa vida. Bem, se você não entender isso não entendeu nada. O riacho seco normalmente é sinal da aceitação de Deus, não de seu julgamento.
Pr. Alberto Maciel Carneiro
IBN Semear
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